Free Thoughts #11
Post por edgehead
O valor de determinado bem depende da sua capacidade de satisfazer as necessidades elementares de um conjunto de consumidores. Sendo assim, caso este cative um considerável número de índividuos, o seu preço aumentará, ao invés desse processo, se a adesão ao seu consumo for reduzida, então o seu valor diminuirá.
Quer o admitamos, ou não, antes de ser uma promotora de wrestling, a WWE, é uma empresa preocupada em obter lucro. Como tal, esta tem de dirigir a sua acção não para as opções que conduzirão à proliferação de um produto de qualidade demarcada, mas sim para as vias que lhe possibilitam tornar o seu produto apetecível ao mercado de consumo e, consequentemente, rentável.
Tendo em atenção tal realidade, não é de estranhar que índividuos desprovidos de qualquer talento assinalável ou despidos de qualquer noção de responsabilidade profissional, como Batista e Jeff Hardy se encontrem no topo da promotora, actualmente.
No âmago da questão, estes limitam-se a desempenhar com toda a mestria a função para a qual foram incumbidos, sendo que essa, contrariamente ao que muitos possam pensar, não foi a de desenvolver um wrestling de qualidade, mas sim a de fomentar avultados lucros monetários, capazes de manter próspera a existência da companhia, nos anos vindouros.
Retrocedendo agora um pouco mais no tempo. Muitos são aqueles que acusam Hulk Hogan de ser um dos mais sobre-valorizados wrestlers da história? Até que ponto poderão estas afirmações ser falaciosas?
Caso nos debrucemos única e exclusivamente sobre as suas capacidades técnicas, então teríamos de oferecer razão a esta proclamação. Todavia, caso tenhamos em vista a sua capacidade de gerar titânicas maquias de dólares, então constatamos com facilidade que este mereceu todo o push de que disfrutou, aquando dos anos 80, uma vez que, com esse, este tornou-se, incontestavelmente, no mais competente drawer dos anais da indústria.
Recentemente, um novo caso, não de sobre, mas sim de sub-valorização, baila em cima da mesa da discussão e discórdia. Mereceria Shelton Benjamin uma hipótese de se afirmar enquanto main-eventer da empresa de Stamford?
Observando primeiramente a sua qualidade técnica e os seus valores humanos, diria que sim. Benjamin é, muito plausivelmente, o maior atleta puro a figurar na WWE, trausentemente e naquilo que concerne a problemas de bastidores, este tem a sua folha completamente imaculada, sendo que não existem relatos que apontem o seu nome como fomentador de desacatos ou qualquer outro tipo de problema desagradável, ocorridos no backstage.
Contudo, mirando o maldito lado comercial da coisa, há que se admitir que Shelton não tem aquilo que é requerido para se tornar num main-eventer credível da WWE e, a meu ver, isto não se redime apenas às suas fracas prestações com o microfone nas mãos, mas principalmente, à total ausência de reacção que este detém junto do público.
De destacar ainda, que Benjamin disfruta de diversos títulos de mid-card no seu currículo e de rivalidades com tão reputados nomes como Ric Flair, Shawn Michaels e Triple H (conseguiu mesmo 3 vitórias consecutivas sobre este), mas que nada disso lhe valeu, para ascender a algo hierarquicamente superior a upper mid-carder.
Retornando aos primórdios do texto, o valor de um produto está assente na procura de que este é alvo e, quer queíramos quer não, Shelton não é o tipo de profissional capaz de satisfazer as massas, o que, consequentemente, se acaba por traduzir, simultaneamente, num valor comercial reduzido e num desaproveitamento total das suas capacidade atleticas.
Injusto isto? Na perspectiva do mundo utópico, que apenas existe nos sonhos mais sublimes, talvez. Contudo, na áspera vida do quotidiano, esta é apenas mais uma irrefutável prova de que as faculdades e carácter de que predispomos, de pouco ou nada valem, caso não se tenha essa invejável capacidade de as coverter em consideráveis quantias de dólares, euros, ienes ou outra moeda qualquer, de preferência, bem cotada no mercado.
É este o abominável, fútil e superficial materialismo da vida humana, pelo qual tudo se rege.
Por hoje é só isto. Fiquem bem;)
Etiquetas: Free Thoughts
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