Bem-vindos a mais um Flying Words, o quarto desta saga. Esta semana trago-vos um tema, que tem suscitado o mais diverso fascínio entre os fans do wrestling (e quando menciono fascínio pretendo afirmar, numa certa parte, desassossego. A dar um titulo a este artigo daria “Fortalezas Inóspitas”. Espero que tenham uma boa leitura, e que gostem, tanto ou mais, quanto eu gostei de escrever esta crónica.



Fortaleza: nome comum adquirindo o significado de “construções militares e edifícios projectados para efeitos de defesas em estados de guerra e bases militares”. Durante a história da humanidade, o ser humano teve a necessidade de criar estruturas, bases, estabelecer protecções que assegurassem não só a sua própria vida como também a dos seus relativos. Talvez o motivo por detrás de tal acção terá sido o simples facto de se sentir inseguro com a própria vida, ter uma cobertura para o caso de tomar decisões que pusessem um final trágico, dramático e cruel á sua singela vida.

O objectivo de uma fortaleza é simples como já evidenciei através da explicação do seu significado literal. No entanto, estabelece-se um problema. Á medida que os anos passam, a fortaleza, devido a acção humana, e de outros factores condicionantes, vem adquirindo fragilidade, qual ovo a partir-se para realizar o mais belo dos bolos. Ainda assim, devido à sua estrutura e construção, a fortaleza pode perdurar por gerações e gerações.

Penso que é evidente que no wrestling profissional estas fortalezas existem e tomam um significado bem real. Tal como já devem ter percebido não falo do ringue, de forma quadrada ou hexagonal, mas sim de vários “intocáveis” e situações de pura supremacia desvalorizadora de várias classes e seres.
Tomemos o caso da companhia de wrestling profissional mais famosa, mais conhecida, e como tal, mais controvérsia; falo claro, da companhia de Stanford, da World Wrestling Entertainment.



É de conhecimento mundial, que tem vindo a perdurar desde o inicio do século XXI (talvez aqui tenha exagerado um pouco, ou talvez não), sempre os mesmos cabeça-de-cartaz, numa linguagem que toda a gente deve dominar, sempre os mesmos Main-Eventers. Tal facto tem levado não só a uma repetição exagerada de combates, que a maioria dos espectadores desta modalidade não aceita de ânimo leve, mas também a uma desvalorização do próprio Main-Eventer e main-event. Já é mais que conhecido o badalado caso de John Cena. Idolatrado pelos fans há uns anos, força motriz dos mais novos e dor de cabeça dos mais graúdos actualmente. Nem irei, mais uma vez, falar do que se poderia fazer porque todos os fans já sabem, bastaria mudar John Cena, torná-lo heel, ou então sofrer uma mudança radical. Na minha opinião, tal não mudaria nada, e até poderia destruir a carreira deste jovem atleta. Isto acontece porque a fortaleza criada á volta de John Cena foi construída de forma a enfrentar todos os obstáculos e a perdurar na história até que algo o faça mudar (leia-se Cena morra, ou Vince McMahon tenha uma ideia brilhante para este). No entanto, esta fortaleza, imagine-se, é fonte de uma grande quantia de dinheiro, e como tal, a sua destruição poderá levar a, nada mais nada menos, do que uma quebra significativa não só nas vendas, como também, na audiência da empresa de McMahon.

Mas isto toda a gente sabe, e o seu significado é aparente e óbvio.



Mas as fortalezas não se verificam só na WWE. Na sua concorrente mais directa, denominada Total Nonstop Action Wrestling, dirigida pela “fera” que não é fera Dixie Carter, estas fortalezas verificam-se de uma maneira, a meu ver totalmente, incompreensível e que podem muito bem levar ao acentuar declínio e desvalorização da empresa. Actualmente, na TNA existem duas stables de classe reconhecidas, falo claro, dos Main Event Mafia e dos World Elite. Tal facto vem acentuar a existência dos heels, e a sua sobrevalorização em detrimento dos faces, que quer Dixie Carter queira ou não, significam vendas, e audiências. O único problema na TNA é mesmo a altura, e o estado da companhia, em que queria fortalezas. Não obstante, a maior fortaleza que a TNA criou foi, sem qualquer margem para dúvidas, foi Kurt Angle, que muito recentemente, tem estado no meio de problemas com Jeff Jarrett devido ao seu relacionamento com a sua ex-mulher, Karen Angle. Pergunto, o que raio se passa aqui? (Desculpas pela linguagem banal…). Kurt Angle é um wrestler deve-se resumir a isto. Dixie Carter e os responsáveis pela TNA asseguraram e criaram um Kurt Angle denominador que trespassou para a estrutura criativa da própria empresa. Isto claro em detrimento do fundador da companhia.

Em ambos os casos, se bem que no caso de McMahon e da sua empresa obviamente, a existência destas fortalezas, tal como os alguns fans já contemplaram, significa a falta de área e de oportunidades para a criação de novas e mais modernas fortalezas. O problema é que os materiais não são os mesmos, e elevar uma nova fortaleza pode não ser possível actualmente. Acho que a última frase é perceptível do que pretendo afirmar.

Resumindo, e para finalizar esta crónica que conta com as suas 800 e qualquer coisa palavras, ao longo da história da humanidade, e como tal do wrestling profissional (de alta-competição adicione-se provavelmente), houve sempre a necessidade de haver o estabelecimento de paredes, de fortalezas. O problema surge quando estas paredes condicionam o estabelecimento de outras e modificam o desporto que deveria ser, o objectivo principal. Mas isso, para além de ser problema e resultado de uma sociedade modificada e obscura pela cegueira, já são outras histórias….

Espero que tenham gostado,
E já sabem, Vejam Wrestling e admirem-se, apaixonem-se.

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