Bem vindos a mais um Flying Words! Lamento desde já não ter redigido a semana passada mas, o pai de uma colega minha faleceu e não tive oportunidade de ter escrito como devem perceber. Assim, esta semana, presto homenagem ao dia de amanhã, e á minha colega e seu pai.



11 de Setembro de 2001. Quem não se lembra da data trágica, fatídica para milhares e milhares de pessoas? Mais, quem não se lembra do sucedido, da desgraça pública e dos efeitos causados? Quem não se lembra das teorias de conspirações criadas imediatamente?
2997 pessoas morreram imediatamente após o ataque suicida e subentendida queda dos aviões nas Torres Gémeas do complexo World Trade Center, fora as restantes por inalação de gases e partículas dos destroços. Sobreviventes directos? Nenhum!
No mesmo ano, cartas contendo anthrax dirigidas ao Chefe do Senado Americano, matando 5 pessoas e causando danos físicos e psicológicos a 17. Apesar de menos trágico, este acto terrorista teve sobreviventes (dos 17).

5 anos depois, mais precisamente, 30 de Dezembro de 2006, em Madrid, Espanha; no aeroporto da mesma cidade, uma bomba explodiu terminando a vida de 2 vidas e lesionando gravemente 26 pessoas.

A lista continua, continua e continua. Apesar de menos trágicos, ou melhor, apesar dos media não se debruçarem sobre estes de modo mais efusivo, a verdade é que desde o inicio do ano, já ocorreram mais de 200 atentados terroristas. Vidas foram perdidas, famílias inteiras separadas pelo espaço e tempo, singularidades e individualidades foram destruídas.



Por definição, na nossa sociedade, um sobrevivente é considerado um herói, alguém em ter em conta, porque pura e simplesmente, sobreviveu a mudanças, a catástrofes ou a ataques. Assim, é apenas lógico afirmar que sobreviver a algo é benéfico, algo de incrível e de espectacular, marco de uma vida. O problema instala-se quando os sobreviventes são menos do que os terroristas, quando há mais Bin Laden’s do que John White’s. Assim, quando isto acontece, porque acreditem em mim, isto acontece, creio que algo não está bem. Falem-me em responsabilização individual; em bioéticas; em construções de novos aeroportos; em polémicas politico-economicas; em casamentos homossexuais; em corrupção activa: o facto é que no meio de todos estas situações, irá haver, inevitavelmente, vencedores e derrotados, sobreviventes e terroristas. E quando há misturas, isto é, quando sobreviventes se confundem com terroristas? Apesar de vos soar, muito possivelmente, a uma nova novela da TVI, a verdade é que o próximo atentado contra a integridade humana acontecerá porque alguém sobrevalorizou um terrorista, considerando-o, à primeira vista, um sobrevivente. Isto verifica-se aquando da catástrofe do 11 de Setembro, do envio de anthrax no mesmo ano e ainda no atentado ao aeroporto de 2006, ou ainda, nos outros 200 casos de atentados no ano de 2009, que ainda não acabou.
Mas desenganem-se! Atentados terroristas não são a única situação onde há sobreviventes. Muito pelo contrário, e atrevo-me a dizer, que antes fossem todos os sobreviventes oriundos dessas situações de fundamentalismo islâmico (na maioria dos casos). E se vos falar de escravos/escravidão em pleno século XXI? Era tudo muito bom se fossem apenas dados históricos, no entanto, a situação é muito contrária.



Gana, pleno 2009. Crianças são traficadas pelos seus pais pescadores quando têm a tenra idade de 3 e 4 anos. São puros sobreviventes de uma vida injusta e forjada por seres humanos; puros seres escravizados, quais objectos descartados pela mesma espécie. Sobreviventes? Acho que podemos designá-los de tal, não apenas quando são libertados mas também, a cada nanosegundo, a cada segundo, a cada minuto, a cada hora, a cada dia, a cada mês, a cada ano de escravidão a que são sujeitos. Sobreviventes? Estes sim são os derradeiros, porque ao pé destes a vida adquire significado, a vida de outros sobreviventes, a nossa própria vida, parece justa demais, ou injusta, dependendo do ponto de vista.

Esta conversa toda, para vos tentar aliciar para a importância de valorizar o que temos, olhar com olhos de ver para um produto, para uma situação e não apontar apenas o negativo mas ver qualquer característica positiva; para tentar que percebam que nem tudo é mau, e que à beira disso, as crianças do Gana vivem pior do que no Inferno mais Infernal. Esta conversa toda porque a conotação do dia de amanhã, dia 22 de Novembro de 2009, ocorre na capital onde sonhos são realizados, ou fomentados, porque amanhã é dia de Survivor Series.

Todos os anos são nos apresentado novos sobreviventes, novos campeões, carreiras a serem feitas; todos os anos um novo John White é formado; um novo Bin Laden fomentado; e uma nova Anaika, Criança do Gana, criada. Todos os anos, é importante destacar a importância de um herói, porque em todos nós nasce e há um; é importante destacar sobreviventes, porque todos nós, lá no fundo, somos capazes de sobreviver. Todos nós somos sobreviventes da vida, do destino, da morte, do orgulho, da perda e da ilusão. TODOS NÓS SOMOS SOBREVIVENTES!!

E PARA VOÇES, QUEM SÃO OS VERDADEIROS SOBREVIVENTES?

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