Simply Questions #51 – Portugueses, pois claro!
Post por César Santos

Em tempos de turbulência económica, social e, mais recentemente, política é difícil não olhar para o nosso país de soslaio, com uma certa desconfiança relativamente ao futuro, que nada de bom augura. Há muito que o nosso país vive numa profunda depressão, enraizada na nossa génese desde os aústeros tempos salazaristas, sendo apenas disfarçada pelos gloriosos anos seguintes à revolução dos cravos, onde o país ganhou novo alento e nova esperança para um futuro próspero. No entanto, e tendo ficado parados no tempo mais de 45 anos, fez-nos perder tempo, muito tempo, sobretudo relativamente ao restante Europa que, à boleia dos EUA, se desenvolveu de forma frenética e inolvidável. Um fosso enorme, que apesar de encurtado, nunca foi, definitivamente, recuperado. Por isso, esta crise económica à escala mundial, em que muitos economistas só encontram comparação na grande depressão de 1929, torna-se ainda mais dificil para o ilustre povo lusitano. Povo esse que continua com demasiadas marcas de uma Ditadura de longos anos, em que as suas gentes viviam subvertidas às ideologias demagogas do fascismo. Os erros continuam a ser os mesmos e vive-se dos gloriosos feitos passados, invocando a qualquer altura e por qualquer motivo os nomes de Afonso Henriques ou Vasco da Gama, ou ainda as poesias de Camões e do heteronímico Fernando Pessoa, não procurando o futuro mas sim vivendo do passado. Portugueses, obviamente.
No wrestling não é diferente e continuamos agarrados a épocas passadas, das quais, a grande maioria de nós nem sequer presenciou. Obviamente que houveram certos episódios e acontecimentos nos marcaram enquanto presenciadores assíduos deste espectáculo que é o wrestling, mas convém que não nos agarremos demasiado ao passado e àquilo que nos foi oferecido em tempos. Mais que não seja porque vivemos em tempos completamente diferentes, com problemas e estímulos bem diferentes de épocas passadas.
O saudosismo e a nostalgia sempre foi um “problema” tipicamente português e isso, por vezes, não nos deixa evoluir e aproveitar os tempos actuais. Todavia, no outro lado do Atlântico também se esquece o significado de evolução e novos tempos.
Pelos lados de Orlando assistimos ao revitalizar da maior superstar alguma vez gerada pelo pro-wrestling, mas isso, por si só, não é sinónimo de sucesso, sendo certo que o circo mediático criado à volta da personagem de Terry Bolea é, sem dúvida, uma boa premissa para bater o pé à empresa de Stamford. Mas isso não chega, pois é preciso relembrar que a WWE é uma empresa já com uma certa idade e “nome” no mercado, por isso, torna-se difícil à empresa dos Carter atingir ou sequer “morder” os calcanhares à sua congénere de Stamford, sendo que para além disso a empresa de Orlando continua a contar com diversos problemas estruturais próprios de uma jovem empresa. Na WWE tenta-se “esquecer” o passado alterando o presente e preparando o futuro da companhia. Há muito que a empresa deixou de lado a sua postura mais “agressiva” e explosiva e isso parece estar a incomodar alguns membros da nossa comunidade online.
Obviamente, que algumas das mudanças e alterações levadas a cabo por Mr.Macmahon vão contra a minha ideia de como deve ser organizado e perpetuado um show de wrestling, mas, e apesar de todas as críticas, a verdade é que o mercado da empresa continua a aumentar, em plena crise global. Um bom exemplo de que o rumo que Vince traçou para a sua empresa é o mais correcto é o caso dos PPV’s temáticos. No ano passado foram um dos temas mais esmiuçados na nossa comunidade e não faltaram “almas” a criticar as ideias do presidente da WWE em tematizar qualquer um dos eventos principais que a empresa de Stamford realiza ao longo do ano civil, mas a prova “cabal” de essa foi uma proveitosa ideia surgiu com o resultado das vendas dos PPV’s ao longo do último, registando-se subidas precisamente nos eventos tematizados pela maior promotora de wrestling do mundo.

A “Guerra” ainda agora eclodiu e a razão de forças é completamente desigual e os únicos beneficiados deste colisão de forças são os próprios fãs, que poderão assistir ao contar de armas de cada um dos lados durante os próximos meses. Parece-me consensual que a ideia da TNA em entrar em confronto directo com a WWE é uma ideia, no mínimo, pouco inteligente e mostra uma terrível falta de sensatez. E isso não se deve apenas à grandeza e à “força” que a empresa de Vince detém no mercado, deve-se sobretudo à falta de consistência e de meios no produto de Orlando que, apesar da respecagem da maior “superstar” que alguma vez o pro-wrestling gerou, estará condenada ao fracasso, se não se encontrarem “caminhos” alternativos. A WWE prepara o futuro, trazendo novas ideias e proliferando alterações em aspectos menos profundos do seu produto, a TNA tenta engrandecer-se à custa de estrelas do passado, esquecendo-se da ideologia criada à data do seu nascimento, ou seja, diferença, alternativa e qualidade. Fazem-me lembrar este cantinho do mundo, onde a adoração do passado, continua a ser mais importante que a preparação do futuro.Abraço“This is the real life…”Notas finais: E é assim que na próxima Wrestlemania algo grandioso no pro-wrestling conhecerá o seu fim. De facto, já esperava algo deste género. Parecia-me demasiado simples um single match, quando o mesmo já se realizara no ano transacto. É só uma opinião, mas parece-me que é desta que a melodia da banda se encerra e que o as cortinas do espectáculo se fecham para sempre. É pena, mas algum dia teria de ser. Etiquetas: Simply Questions
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