Coisa gira esta da arquitetura...Fazem-se projectos, traçam-se grandes plantas, define-se tudo até ao mais ínfimo pormenor...absolutamente nada pode falhar! Apenas seguindo esta comprovada fórmula de sucesso é possível construir-se uma casa sólida e segura, capaz de perdurar no tempo.

Não é que não se possa tentar construir algo sem projecto...mas, muito provavelmente, vai dar mau resultado. Contratam-se pedreiros à toa, faltam tijolos para as paredes, sobram telhas para o telhado. Enfim, são as indesejadas consequências de quem procura edificar algo sem recorrer a um bom arquitecto e se limita a erguer e a derrubar muros ao sabor do vento.
Após cerca de 8 anos desde a sua fundação que lhe valeram um conjunto de fãs humilde, mas relativamente estável, a TNA sente-se pronta para dar mais um passo em direcção ao topo da montanha – iniciar competição directa com a Monday Night Raw, programa principal da companhia de Vince McMahon e que atravessa, diga-se, uma fase absolutamente miserável, apresentando um produto monótono e completamente descaracterizado que vai sendo vendido em conjunto com meia dúzia de celebridades Norte-Americanas também estas, por sua vez, sedentas de auto-promoção.

A promotora de Orlando prepara-se assim para a construção do seu edifício mais imponente de sempre – o edifício que procura vir a ser identificado num futuro como a sede da maior promotora de pro-wrestling a nível mundial ou, pelo menos, o edifício que ousa tentar ameaçar a hegemonia da WWE sobre a indústria do wrestling profissional.

Contratam-se pedreiros com fartura, erguem-se paredes, derrubam-se paredes, metem-se telhas, arrancam-se telhas, tudo vale para tentar mediatizar a iMPACT! zone e, todavia, talvez falte o mais importante – talvez falte um projecto previamente estruturado para construir uma casa coerente.

Não é que eu não goste do RVD, mas dar-lhe o título com uma vitória limpinha sobre o AJ, após terem passado meses a promover este último, é tão estúpido como derrubar uma parede forte que havia demorado meses a erguer.

Contratar antigas glórias da modalidade e profissionais mal-aproveitados da rival também pode ser um golpe inteligente. Porém, por mais uma ocasião, é necessário ter-se em conta as dimensões da obra – de nada valerá contratar mais pedreiros do que aqueles que são requeridos para edificar uma casa de determinadas dimensões, uma vez que, por mais qualidades que esses apresentem, caso a mão de obra para a construção do edíficio já se encontre completa e até sobrelotada, a produtividade desses rondará o zero e, portanto, serão simplesmente inúteis podendo ainda vir a acarretar prejuízos estúpidos.

Em suma, existem condições em Orlando para se construir um imponente edifício, mas, para que isso se venha a suceder, é imperativo parar imediatamente com este erguer e derrubar de paredes que se tem vindo a registar nos últimos meses e, antes demais, delinear uma planta coerente e capaz de dar lugar a algo sólido. Caso contrário, poderá vir a correr-se o risco de se ver a ruir um prédio que ainda mal começou a ser construído.

Contudo, enquanto fãs, esperemos que num futuro próximo os líderes de Orlando consigam suplantar egos e conjugar esforços de dois dos melhores arquitectos que já existiram. Ah! e já agora, sem tentativas efémeras por parte destes de recorrer a tábuas velhas e que já começam a apodrecer...

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